terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Greve dos motoristas e cobradores segue nesta quarta-feira


Em assembleia, motoristas e cobradores rejeitaram proposta de reajuste e decidiram manter a greve. Foto: aniel Castellano/Agência de Notícias Gazeta do Povo.


A greve dos motoristas e cobradores que trabalham nas empresas do transporte público de Curitiba e região metropolitana vai continuar na quarta-feira (15). Em assembleia, os trabalhadores rejeitaram a proposta feita pelo sindicato patronal durante uma audiência de conciliação. Apesar da continuidade da paralisação, a Justiça do Trabalho determinou que parte da frota deverá voltar a circular.
A proposta final apresentada pelo Sindicato das Empresas de Transporte Urbano e Metropolitano de Passageiros de Curitiba e Região Metropolitana (Setransp) é de reajuste salarial de 8% e vale-alimentação de R$ 200. Segundo o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), os trabalhadores esperam aumento salarial de pelo menos 10,3%.
O desembargador Altino Pedrozo dos Santos, que comandou a sessão, concedeu a liminar que determina a volta ao trabalho de parte da frota, conforme requisitado pelo Ministério Público do Trabalho (MPT). Com isso, 70% dos ônibus devem trafegar no horário de pico e 50% no horário normal. O desembargador ainda fixou multa de R$ 100 mil por dia em caso de descumprimento da decisão. A Urbs também se comprometeu a entrar até as 22 horas desta terça-feira (14) as tabelas com os horários e linhas de ônibus que deverão operar em regime diferenciado na quarta-feira (15).
A liminar concedida pela Justiça Estadual, que determina um percentual de 80% de veículos nos horários de pico e 60% nos horários normais, continua valendo, de acordo com a Urbanização de Curitiba (Urbs), que solicitou a medida. Essa liminar não é reconhecida pelo Sindimoc, que entrou com um pedido de agravo de instrumento para derrubá-la. Caso o sindicato siga não cumprindo essa determinação, também deverá pagar multa diária de R$ 100 mil.
Após a assembleia, os trabalhadores construíram a proposta que vão apresentar em novo encontro no TRT, marcado para as 11h da quarta-feira (15). Os motoristas e cobradores pedem reajuste salarial de 15% e R$ 300 de vale-alimentação.
A greve deixou a cidade sem ônibus nesta terça-feira (14). O mínimo de 30% da frota em circulação não foi cumprido. Também foi difícil conseguir táxi nesta terça-feira e o trânsito ficou caótico no centro e outras regiões da capital.
Segundo o Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus de Curitiba e Região Metropolitana (Sindimoc), houve piquetes nas garagens impedindo os ônibus de saírem às ruas, o que fez com que o mínimo de 30% da frota circulando não fosse cumprido.
O Setransp informou que pediu auxílio da Polícia Militar para conseguir colocar os ônibus nas ruas e enviou um ofício ao secretário de Estado da Segurança Pública, Reinaldo de Almeida César. O reforço policial foi autorizado na liminar pela juíza substituta Patrícia de Fúcio Lages de Lima, da 11ª Vara Cível.
A Polícia Militar (PM) informou que está atuando no sentido de policiar mais a cidade, fiscalizando regiões de terminais e empresas, para garantir a ordem pública e proteção do patrimônio. A corporação esclarece que não pode obrigar os grevistas a voltarem a trabalhar.
Táxi
O curitibano enfrentou dificuldade de conseguir pegar táxis ao longo de todo o dia. Até as 21 horas, ainda era muito complicado ligar para uma rádio-táxi para solicitar uma corrida. Todas as linhas estavam ocupadas e era preciso tentar várias vezes até conseguir ser atendido. O taxista Edson Fernandes, associado de uma das seis rádios-táxi da cidade, disse que à noite eles ainda trabalham para tentar diminuir a fila de espera por uma corrida, que em alguns casos chegava a várias horas.
A dificuldade para conseguir uma corrida deve continuar nesta quarta (15), com a continuação da greve. As associações não estão agendando corridas por conta da grande demanda. O dirigente de uma delas disse que não há condições, desde o início da greve dos ônibus, de garantir o compromisso de pegar um usuário em determinado horário. A dica dada por alguns taxistas é ligar uma hora antes para pedir a corrida e tentar negociar que ela chegue no horário.
Desde o início da manhã desta terça-feira, as principais empresas de rádio táxi da cidade estavam com as linhas telefônicas congestionadas. Os pontos estavam lotados no centro da cidade. Somente em alguns momentos da tarde era possível encontrar taxistas parados nos pontos, mas somente aqueles que não estão vinculados às rádios-táxi.
Os táxis estavam autorizados a circular nas canaletas dos biarticulados, já que a situação do tráfego na capital é caótica. A autorização foi confirmada por parte da Secretaria Municipal de Trânsito e também pela Urbanização de Curitiba S.A. Cumprindo-se a decisão da Justiça de que ao menos 50% dos ônibus voltem a circular nesta quarta-feira, os táxis e outros veículos não poderão mais circular nas canaletas.
Segundo a Urbs, os usuários do serviço de táxi devem exigir que os motoristas cobrem o valor mostrado no taxímetro. Não está autorizada cobrança de outra forma. Se algum taxista estiver cobrando valores fixos, desconsiderando o taxímetro, o passageiro deve exigir recibo, marcar o número do táxi e fazer uma denúncia no telefone 156 (da prefeitura de Curitiba).
A grande procura de táxis nesta terça-feira fez lembrar que a Câmara de Vereadores da cidade discute um projeto de lei que prevê um aumento da frota, que hoje é de 2.252 veículos. Segundo a proposta, poderiam ser autorizadas mais 243 licenças de operação se for estabelecido o critério de um táxi para cada 700 habitantes da cidade, que, segundo o último dado do IBGE, tem 1,7 milhão de pessoas. Outra alternativa seria estabelecer o critério de um táxi para 500 habitantes, o que faria a atual frota aumentar em mais 1.241 veículos, chegando ao total de 3.493 carros.
Trânsito
A falta de ônibus e a dificuldade para conseguir um táxi causaram reflexos no trânsito de Curitiba. Muitos moradores da capital e da RMC tiveram de tirar os veículos da garagem para ir ao trabalho ou levar alguém da família. O mau tempo complicou ainda mais a situação.
por Vitor Geron, Fernanda Leitóles, Mariana Scoz, Fernanda Trisotto e Chico Marés, via Gazeta do Povo

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