Das agências
Ex-presidente participou de reunião com lideranças petistas e chancelou a estratégia de barrar a convocação do ministro para depor no Congresso
Lula ao lado de Gleisi, com Paulo Bernardo (no fundo, à direita): reunião na residência do casal paranaense para discutir a estratégia de defesa de Palocci |
O PT lançou mão de sua principal arma e convocou o grande “astro” do partido para ajudar na blindagem do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva participou ontem de uma reunião de lideranças da legenda, em Brasília, na qual se discutiu a estratégia de defesa do ministro, alvo de suspeitas sobre a forma como aumentou seu patrimônio em 20 vezes nos últimos quatro anos, de R$ 356 mil em 2006 para R$ 7,5 milhões no ano passado.
O ex-presidente Lula evitou falar, em público e para a imprensa, sobre a situação de Palocci – que foi seu ministro da Fazenda e caiu após o episódio da quebra de sigilo do caseiro Francenildo Santos Costa. Mas no almoço de mais de três horas com líderes do PT, ele sugeriu que o partido siga unido na defesa “do companheiro Palocci”.
Segundo interlocutores, Lula chancelou a estratégia que vem sendo adotada até agora, de evitar a qualquer custo que o ministro deponha no Congresso sobre seu salto patrimonial. O entendimento do ex-presidente é que não há ilegalidade em suas atividades como consultor (Palocci alega que enriqueceu prestando serviços de consultoria por meio da empresa Projeto). Lula afirmou ainda que Palocci deve prestar esclarecimentos apenas à Procuradoria-Geral da República. E que quem levanta suspeitas contra ele é que terá de apresentar provas de que o ministro cometeu alguma ilegalidade.
Na saída da reunião, realizada na casa da senadora paranaense Gleisi Hoffmann e do ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, o “mantra” de Lula começou a ser entoado pelos petistas. “O que eu senti da reunião é que não há provas concretas das denúncias feitas contra Palocci. Quem denuncia é que tem que mostrar as provas”, disse o senador Paulo Paim (PT-RS). O líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), também disse que considera desnecessária a convocação do ministro para prestar esclarecimentos em público, já que irá fornecer essas informações à Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo Costa, até o momento, não existe uma acusação “formal e frontal” que possa abalar a confiança do PT no ministro. “O ex-presidente Lula tem uma posição semelhante à nossa, de que até agora não há nada para questionar a lisura do ministro Palocci”, disse Costa.
Mesmo petistas que não participaram da reunião afirmaram o mesmo. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse ontem que aqueles que querem convocar Palocci a prestar esclarecimentos em uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) estão preocupados em fazer uma “luta política”. O ministro saiu em defesa de Palocci e disse que ele tem prestado todos os esclarecimentos sobre sua evolução patrimonial nos últimos anos.
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