RIO (Reuters) - A parceria entre o governo federal e o Rio de Janeiro no combate à violência pode levar outros Estados a considerarem o uso das Forças Armadas como solução para seus problemas de segurança, o que está causando preocupação, afirmou nesta terça-feira o ministro da Defesa, Nelson Jobim.
'Um grande problema que enfrentamos com o Rio de Janeiro é que o assunto está dando certo, ou seja, a parceira dá certo. Isso me dá muito medo, porque depois os Estados podem começar a pensar que essa é a grande solução para os seus problemas', disse Jobim.
'E qual a consequência econômica disso? Os Estados deixarão de investir em segurança estadual para tentar transferir isso para atividades subsidiárias das Forças Armadas', afirmou. 'Esse é um risco claro que se corre. Tenho dito aos militares: abram o olho porque isso pode ser um grande problema para o futuro', acrescentou.
No fim do ano passado, tropas federais ajudaram a polícia do Rio na ocupação do conjunto de favelas do Alemão e no início do processo de pacificação da comunidade. As Força Armadas disponibilizaram homens, equipamentos, veículos blindados e helicópteros na operação.
As tropas federais permanecem no Alemão, enquanto a polícia fluminense treina soldados para a implantação, ainda este ano, de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP).
O ministro anunciou a instalação no Alemão de uma central judicial, que servirá de ouvidoria e para solucionar pequenos conflitos na comunidade. O projeto será conduzido pelo Conselho Nacional de Justiça.
'Tudo que vier a somar é bem-vindo e não há impedimento da nossa parte para se estender para outras comunidades', disse o secretário de Segurança Pública do Rio, José Mariano Beltrame.
Nesta terça-feira o governo do Rio inaugurou a 17a UPP da cidade, no Morro de São Carlos, no centro. Pela primeira vez, os policiais da UPP vão usar armas não letal.
'UPP não é o fim do tráfico de drogas, mas o fim do tráfico medieval de recrutamento que criava um exército de jovens', afirmou Jobim.

(Por Rodrigo Viga Gaier)