domingo, 27 de novembro de 2011

Substituto de Derosso quer descentralizar administração

Sabino Picolo, que assumiu interinamente a presidência da Câmara de Curitiba, pretende repartir atribuições com outros vereadores

Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo / Sabino Picolo (DEM) ocupará a presidência da Câmara de Curitiba por pelo menos 90 dias
Apesar de curto, o mandato de Sabino Picolo (DEM) como presidente interino da Câmara de Curitiba deve ser crucial para o futuro da instituição. Em meio a uma crise institucional sem precedentes, o vereador terá a difícil missão de suceder João Cláudio Derosso (PSDB), que se afastou do comando da Casa na última segunda-feira após ter presidido a instituição por quase 15 anos consecutivos, Derosso se afastou após o Ministério Pú­­blico ter ingressado na Justiça com uma ação acusando-o de improbidade administrativa nos contratos de publicidade da Câmara).
Em 15 anos, apenas um projeto de Sabino Picolo virou lei
Presidente interino da Câmara de Curitiba, o vereador Sabino Picolo (DEM) está no quarto mandato eletivo com uma atuação parlamentar discreta. Autor de dez propostas de lei, Picolo conseguiu transformar em lei apenas um projeto nos quase 16 anos de atuação no Legislativo municipal. É de autoria de Picolo a lei que obriga a colocação do número do telefone de reclamações da prefeitura municipal em obras e caçambas.
Em tramitação
Três propostas de autoria do presidente interino estão em tramitação atualmente. Uma tentativa de proibir a utilização de madeira proveniente de árvores nativas em obras da prefeitura de Curitiba. Outra dispõe sobre o horário para a realização de obras e serviços em vias públicas. E a terceira busca a autorização para que Associ­a­­ções de Pais, Professores e Funcionários (APPF) possam locar espaço para propaganda.
Levantamento feito no site da Câmara de Curitiba sobre a atividade parlamentar de Picolo revela ainda que o vereador fez 80 denominações de logradouros públicos e 28 declarações de utilidade pública.
Karlos Kohlbach
Ficha política
Veja um breve currículo do novo presidente da Câmara de Curitiba:
Nome: Sabino Picolo
Idade: 60 anos
Naturalidade: Vitorino (sudoeste do Paraná)
Formação: Economista
Estado civil: Casado
Atividades anteriores ao mandato: Trabalhou com a família na atividade agropecuária até 1975. Em 1976, ingressou, através de concurso público, no Banestado, como auxiliar de escriturário.
Partido atual: DEM
História política: Nas eleições de 1994, concorreu ao cargo de suplente de senador na chapa do ex-ministro Luiz Carlos Borges da Silveira. Em 1996, foi eleito vereador de Curitiba pela primeira vez, com 4.627 votos. Reeleito vereador em 2000 pelo PSDB, com 10.132 votos, foi o candidato mais votado do partido e o 13º no geral. Assumiu, em 2001, a vice-liderança do PSDB na Câmara Municipal. Em 2003, se filiou ao PFL, foi líder do prefeito Cassio Taniguchi na Câmara Municipal e eleito segundo vice-presidente da Mesa Executiva da Casa. Em 2004, foi reeleito com 10.843 votos. E, em 2008, já pelo DEM, antigo PFL, obteve 9.846 votos. Em 2010, disputou uma cadeira na Assembleia Legislativa pelo DEM. Recebeu 26.530 votos, que não foram suficientes para garantir o mandato de deputado estadual.
Atuação recente: Reportagem da Gazeta do Povo de 30 de maio deste ano mostrou que Picolo era um dos 30 vereadores da Câmara que faziam requerimentos pedindo melhorias para a rua onde moram.
O principal desafio de Picolo será descentralizar a gestão da Câmara, até então concentrada nas mãos do tucano. Em princípio, Picolo ficará na presidência por 90 dias, tempo do pedido de afastamento voluntário de Derosso. Entretanto, caso a Justiça acate a liminar proposta pelo Ministério Público do Estado (MP) para afastar Derosso até o encerramento da ação judical , Picolo poderá ser presidente da Casa até o fim de 2012.
Picolo contemporiza sobre a possibilidade de ficar mais do que três meses no comando da Casa. “Acho que ele [Derosso] tem todas as chances de voltar depois dos 90 dias, a menos que surja um fato novo”, diz o presidente interino. O vereador afirma também que essa indefinição não deve influir em seus trabalhos.
Apesar disso, a expectativa de várias lideranças importantes da Câmara é de que a gestão da Casa, com Picolo, seja menos centralizada do que hoje. O presidente interino fez os seus primeiros movimentos nesse sentido durante sua primeira semana como presidente. O vereador promoveu duas reuniões com os diretores administrativos da Casa e com os integrantes da Mesa Executiva para dividir entre os vereadores os trabalhos que antes ficavam concentrados nas mãos de Derosso.
“O Derosso sempre absorveu grande parte do trabalho administrativo da Câmara. As coisas foram tomando esse rumo ao longo dos 15 anos, e isso virou praticamente uma regra”, afirma Picolo. Como presidente interino, o vereador diz que vai privilegiar a parte política, lidando com as demandas dos vereadores e da população, deixando a administração da Casa nas mãos do resto da Mesa Executiva.
Segundo o primeiro-secretário da Casa, Celso Torquato (PSD), o primeiro passo desta “nova” gestão será melhorar a imagem do Legislativo local. “A Casa está bastante abatida, vamos tentar mudar esse rumo propondo coisas positivas”, comenta o vereador. Torquato destaca também que a Mesa está iniciando conversas com todas os parlamentares para colher opiniões sobre como o trabalho legislativo pode ser melhorado.
Lideranças
Líder da bancada de apoio ao prefeito, João do Suco (PSDB) vê com bons olhos a gestão de Picolo. “O Sabino vem de uma linha administrativa, tem uma visão de planejamento. Ele deve fazer uma gestão democrática e manter o bom relacionamento com as bancadas”, comenta o vereador.
Para o líder da oposição, Algaci Túlio (PMDB), a descentralização é uma novidade positiva vinda da Câmara. “O grande pecado dele [Derosso] foi ser um concentrador e permanecer durante todo esse período como presidente da Casa”, comenta o vereador, que ressalta que Picolo já está consultando o modelo de administração atual da Assembleia – no qual os secretários têm atribuições importantes.
Algaci sugere ainda que o poder seja compartilhado também com o resto dos vereadores, e não só com os integrantes da Mesa. “É necessário um trabalho em conjunto com os partidos e quebrar essa tradição de ter uma Câmara direcionada aos interesses do prefeito de plantão”, diz Algaci.
Da Gazeta do Povo

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