Dilmércio Daleffe |
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Quem vê Jéssica hoje não imagina o drama que vivenciou |
Do itribuna.com
Embora estejam praticamente eliminadas do perímetro urbano, após a instalação da rede de esgoto feita pela Sanepar em praticamente todos os bairros da cidade, as fossas ou poços abandonados ainda representam risco em alguns locais. Na semana passada a reportagem da TRIBUNA foi comunicada de que havia pelo menos três buracos abertos em uma propriedade rural, a poucos metros da pista de caminhada do Parque do Lago. O fato foi confirmado. É possível perceber que os moradores desmancharam duas casas no local e deixaram uma fossa e ao menos dois poços abertos, sem nenhuma tampa de proteção. Um dos buracos mede cerca de 10 metros de profundidade e os outros dois um pouco menos.
Ao redor o mato cresceu e impede a visibilidade à distância, o que faz aumentar o risco de acidente. Por ficar muito próximo à pista de caminhada do Parque do Lago, qualquer pessoa curiosa, ou mesmo uma criança que se afaste dos cuidados de pais ou responsáveis pode acabar caindo nos buracos. Para o cabo Nivaldo Rodrigues, com 30 anos de experiência no atendimento de resgate no Corpo de Bombeiros de Campo Mourão, ao desativar fossas ou antigos poços, as pessoas precisam tomar todo cuidado com a proteção do buraco. “Já atendi muitos casos de pessoas e, principalmente de animais que sofreram esse tipo de acidente”, conta.
Dilmércio Daleffe |
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Foças e poços abandonados representam risco |
Esse tipo de situação era mais comum há cerca de 12 a 15 anos em Campo Mourão, recorda Rodrigues. “Hoje em dia quase não registramos casos assim, mas na década de 90, retirei várias pessoas de buracos e muitos animais. Na região do Jardim Tropical era mais comum. Havia muitos terrenos baldios, onde as pessoas deixavam cavalos e até gado solto para pastar, mas em meio ao mato existiam verdadeiras armadilhas”, ressalta. Na maioria dos atendimentos, o cabo diz que tudo terminou bem, com as vítimas ou animais saindo apenas com ferimentos leves. Em outros, resgates emocionantes e algumas tragédias.
Em seus 30 anos de serviço, um dos episódios mais emocionantes foi o resgate de uma criança de quatro anos, feito pelo próprio pai. Segundo Rodrigues, foi próximo a Araruna. “Era um poço de aproximadamente 30 metros de profundidade. A criança caiu e o pai pulou atrás. Por incrível que pareça nenhum dos dois se machucou e o pai conseguiu evitar que o filho morresse afogado. Foi algo que marcou muito.” Por outro lado ele lamenta a morte de um trabalhador, no jardim Corinthians (próximo ao cemitério municipal). “Essa pessoa foi contratada para perfurar uma fossa próxima a uma outra que já estava cheia e havia sido desativada. Infelizmente eles não se atentaram para a proximidade uma da outra, e quando o trabalhador já havia perfurado cerca de cinco metros, houve o rompimento da fossa antiga. Fizemos o resgate, mas quando o retiramos do buraco ele já estava morto.”
Com o passar do tempo, cabo Rodrigues observa que as pessoas estão mais precavidas. Quem já conta com rede de esgoto tratou de entupir as antigas fossas ou colocar tampas resistentes. “Também já não se vê mais tantos animais soltos.” Além do risco de acidente, esse tipo de fossa não é recomendável por ser uma fonte impactante no meio ambiente. O fato dos dejetos irem direto para o solo compromete a qualidade de vida da população. A falta de água tratada e de esgoto sanitário, provoca diarréia, hepatite, salmonelose e cólera, doenças que resultam em cerca de 80% dos leitos hospitalares.
A área rural é o local onde se localiza a maior parte das nascentes. Por isso é de suma importância preservar ou impedir a contaminação superficial e subterrânea. Estima-se que com a fossa negra na propriedade a chance de contaminação da água é cinco vezes maior do que aquela que possui uma fossa séptica.
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