Donetsk, Ucrânia
Atacante abre as portas da sua casa ao Esporte Espetacular, mostra como está vivendo na Ucrânia e conta, sempre sorridente, os 'perrengues' que passa
Sorrisão estampado no rosto. Foi assim que Dentinho recebeu a equipe doEsporte Espetacular em Donetsk, na Ucrânia. Hoje, o menino de 22 anos defende o time do Shakhtar, mas foi revelado no terrão do Corinthians, em São Paulo, e não esconde a paixão pelo clube do Parque São Jorge. O atacante é um dos dez brasileiros que joga na equipe bicampeã ucraniana e ainda está se acostumando com as mudanças dos últimos seis meses, que o fez trocar o calor do Brasil pelo frio do Leste Europeu.
Na certidão de nascimento, Bruno Ferreira Bonfim. Na camisa, Dentinho. Mas quando chegou no novo clube, nem um, nem outro: Bruna. A confusão, garante o jogador, é por causa da pronúncia da letra "o" que vira "a" no idioma russo.
- É estranho, Bruno mudar para Bruna, aí complica o guerreiro. Muda a declinação da palavra, né? Muda e vira Bruna - contou Dentinho.
Problemas com a língua
A língua local foi um dos primeiros desafios encontrados pelo brasileiro. Até as coisas mais simples, como cortar o cabelo, ficavam difíceis de fazer sem ajuda.
- A primeira vez que eu fui cortar o cabelo, mostrei uma foto para a mulher e falei: 'Quero meu cabelo assim. Faz o pezinho, deixa perfeito'. A mulher começou a cortar meu cabelo e eu já falei: 'Não, vamos parar!'.
Frio extremo
Não bastassem os problemas com o idioma, outro obstáculo apareceu e com força: o frio extremo da Ucrânia. Para treinar, nada menos que quatro calças, quatro camisas, agasalho, chuteira reforçada, além do uniforme, é claro. Foi a primeira vez que conheceu a neve. E aí, gostou?
- No começo é tudo lindo, achei maravilhoso. Mas, como eu estava falando, por dez minutos só e está bom - brincou.
Corinthians, Mano e Ronaldo...
Apesar de estar bem longe do Brasil, Dentinho está sempre por dentro do que acontece no Corinthians, time que o revelou e pelo qual disputou 187 partidas. E foi com a camisa do Timão que ele fez um gol para marcar seu nome no Corinthians, o de número dez mil da história do clube. De olho no Brasileirão, ele não tem dúvidas: "O Timão vai ser campeão brasileiro".
A promoção dos juniores para os profissionais, Dentinho deve ao técnico Mano Menezes, hoje na Seleção Brasileira. Ele não esconde o carinho que sente pelo ex-treinador e sempre contou muito com a sua ajuda. Só não precisou na hora de escolher o número e o nome da camisa.
- Quando ele (Mano Menezes) chegou pensei que fosse voltar para os juniores. Aí ele falou: 'Não, você vai ficar no profissional'. A primeira coisa que eu pedi foi para mudar minha camisa. Antes era 24, não dava para jogar com a 24. Fui para 31. Aí o meu nome era Bruno Bonfim. Eu pedi para colocar Dentinho, todo mundo me conhecia assim. Aí começou a dar certo.
Dentinho recordou do momento em que foi apresentado ao "pai". Não o pai verdadeiro, o seu Adonias, mas ao outro pai. Quando ainda era Bruno Bonfim, ele dizia que o Ronaldo Fenômeno era o seu pai, tudo por causa dos dentões. Quando foram apresentados, um ídolo ao lado, levou um susto e ganhou conselhos.
Hoje Dentinho está longe de casa, mas perto de brasileiros e companheiros de Shakhtar Donetsk, como Jadson, William e Alex Teixeira. O time disputa a Liga dos Campeões da Uefa, mas é o lanterna do Grupo G.
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