O almoço de natal dos 35 detentos da cadeia pública de Barbosa Ferraz foi regado a churrasco, maionese, salada, refrigerantes e outros acompanhamentos, o que transformou o clima pesado do local em um momento de harmonia e confraternização. Um natal que certamente boa parte dos presos não teria se estivesse em liberdade. Tudo foi preparado pelo delegado-chefe da delegacia, Juarez Dias, que ontem completou sete anos no comando da unidade. “Faço isso todo ano para manter uma boa harmonia com os presos. O tratamento humano é o melhor meio de você ser respeitado e ajudar na socialização do preso”, diz o delegado, que responde também pelas comarcas de Iretama e Terra Boa.
E o tratamento diferenciado com os presos tem dado resultado. Mesmo atendendo com o dobro da capacidade – tem espaço para 15 e abriga 35, sendo seis mulheres -, a cadeia de Barbosa Ferraz nunca registra fugas. Segundo o delegado, todos estão cientes de que a boa convivência no local só depende deles mesmos. “Sempre digo que a boa conduta, aliada aos trabalhos artesanais e de horta que a maioria realiza, vai resultar em remissão de pena. E ao sair daqui, eles só retornam se quiserem. Depende de cada um. Acho que a maioria entende e o comportamento tem sido exemplar”, afirma.
Os presos cuidam de uma horta nos fundos da cadeia, a qual reforça suas refeições. As verduras são tão bem cuidadas, que parte da produção serve até outros moradores da cidade. “A gente acaba passando um pouco aos amigos, porque sempre sobra”, conta Dias, que é o único policial de carreira na delegacia. “Hoje (ontem) mesmo estou sozinho. O escrivão está de licença, mas mesmo assim eu sou o único policial de carreira por aqui. Tem um estagiário que auxilia.”
No almoço de natal, o delegado contou com apoio de comerciantes, que doaram a carne e outros produtos. Essa boa relação do delegado com os comerciantes já é fruto do bom comportamento conseguido atrás das grades. “Os empresários e outros moradores da cidade, que também contribuem, entendem que estando bem na delegacia, não há risco também do lado de fora. Isso é muito importante. No almoço de natal, duas senhoras vieram espontaneamente para ajudar a cozinhar. Foi uma grande confraternização”, orgulha-se o delegado.
E não são apenas em datas especiais que o almoço é servido com qualidade. Não é raro encontrar o próprio delegado e funcionários se alimentando no local. Os representantes do conselho da comunidade, que atendem algumas necessidades dos detentos também estiveram presentes no almoço, servido na véspera do natal. “Sempre que posso entro na cadeia e bato um papo com eles”, conta o delegado.
Durante a semana pessoas religiosas também freqüentam a cadeia para levar palavras de conforto aos detentos. “Recebemos pastores e outras pessoas religiosas, que conversam muito com eles, trazendo orações e reflexões. Alguns presos até se emocionam e choram. Tudo é válido para reforçar esse espírito de humanidade.”
Do itribuna.com
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