João Clemente Jorge Trinta nasceu em 1933 e se tornou artista plástico, cenógrafo e bailarino. Chegou a capital carioca em 1951, aos 18 anos. Cinco anos depois, passou a integrar o Balé do Teatro Municipal do Rio. Amigo do poeta Ferreira Gullar, chegou a dividir um apartamento no Catete com o conterrâneo.
Em 1963, ingressou na Acadêmicos do Salgueiro, quando ajudou o carnavalesco Arlindo Rodrigues com o enredo “Xica da Silva” (samba-enredo de Anescarzinho do Salgueiro e Noel Rosa de Oliveira). A escola foi campeã.
Criador dos grandes desfiles durante o Carnaval no Rio, só foi “assinar” um desfile como carnavalesco em 1974, também para o Salgueiro.
Trinta transformou os desfiles no que são hoje, os passistas que desfilavam livres no chão, sem carros alegóricos ou fantasias mirabolantes, ao som de sambas sincopados, deram lugar a uma espécie de “ópera popular”, em que as alas desfilam em blocos seguindo coreografias moldadas à risca para contar o enredo da escola.
Sua carreira como carnavalesco foi polêmica. Em 1989, a Beija Flor de Nilópolis, onde permaneceu por 17 anos, então sob o comando do carnavalesco, foi impedida de levar para o Sambódromo a imagem de um Cristo mendigo dentro do enredo “Ratos e Urubus, Larguem Minha Fantasia”. Para burlar a proibição, envolveu a estátua em plástico preto, com uma faixa onde se lia “Mesmo proibido, olhai por nós”. A escola ficou em segundo lugar.
Np início dos anos 2000 transferiu-se para a Grande Rio. Em 2004, a escola de samba o demitiu horas antes da apuração oficial, alegando insatisfação com a concepção do enredo “Vamos Vestir a Camisinha, Meu Amor…”. A escola tinha a intenção de realizar um desfile para a conscientização do uso da camisinha. Mas, o carnavalesco fez um desfile com apelo sexual, com carros alegóricos que reproduziam imagens do “Kama Sutra” (manual indiano de posições sexuais). Dois carros com cenas de sexo foram encobertos, por recomendação da Promotoria de Infância e Juventude de Duque de Caxias (região metropolitana do Rio). A escola ficou em10º lugar.
Joãosinho se afastou do carnaval em 2006, depois de sofrer um segundo AVC (acidente vascular cerebral) – o primeiro foi em 2004. Também atuou na Viradouro, Rocinha e Vila Isabel, onde coordenou seu último carnaval.
Trinta trabalhava em projetos culturais no Maranhão, onde estava morando. Para a comemoração dos 400 anos de São Luís, em 2012, ele planejava um cortejo de 5 mil pessoas, com o luxo e pompa que o tornaram famoso.
Por/Esmael Morais com agências
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